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Foto do escritorRicardo Xavier

As melhores lavadeiras do Brasil

Com o apoio da Consul e do Consulado da Mulher, Associação de Lavadeiras Lauro de Freitas  pretende ampliar suas atividades e oferecer um novo caminho aos jovens da comunidade.

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“A Bahia tem os melhores ventos do Brasil”. Publicada no no Jornal A Tarde, esta frase foi escrita pelo governador do estado Jaques Wagner, que em sua coluna destacou o potencial baiano para receber usinas eólicas. Em termos culturais, a frase poderia ser adaptada para “A Bahia tem as melhores lavadeiras do país”.

Isso porque, em um passado não tão distante, o clima semiárido e o baixo índice de chuvas da Bahia, que hoje geram esperança na energia renovável, foram alguns dos responsáveis por estimular a cultura das lavadeiras no estado, quando as máquinas de lavar e os tanquinhos elétricos ainda não eram tão populares na maioria dos lares baianos.

Com trouxas de roupas de suas famílias e patrões, elas costumavam ocupar rios e riachos para, com as próprias mãos, contribuir com o sustento de suas casas, enquanto dividiam histórias e cantavam cantigas.

Deste cenário surgiu a Associação de Lavadeiras de Lauro de Freitas, que iniciou suas atividades nos anos 80, às margens do Rio Ipitanga. Com a contaminação do rio, elas passaram a lavar a roupa em suas casas, e somente em 2001, duas décadas depois, receberam da prefeitura um espaço  para trabalho, onde hoje não só funciona a lavanderia, como também são promovidas oficinas de artesanato, palestras, feiras e outros eventos.

“Aqui era tudo mato, ninguém tinha fogão, cada um fazia seu fogo. Quem tinha fogão ou telefone aqui era rico. Hoje em dia todo mundo tem, mas sabendo que trabalhou para ter”, conta a presidente da associação, Messias de Jesus, que não carrega o nome à toa: seu carisma e fala mansa a tornam uma liderança com forte poder de mobilização entre as associadas.

De acordo com sua filha, Maria Carvalho, que auxilia a associação na parte de divulgação e eventos, uma das maiores conquistas do grupo foi ter vencido o preconceito: “Havia discriminação com lavadeiras, com filhos de lavadeiras e agregados. E vencemos isso. Todas elas venceram. Todas elas conseguiram criar seus filhos, a maioria deles bem sucedidos. Eu sou testemunha disso, com muito orgulho”.

Novos rumos

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Premiadas em 2013 pelo edital Usinas do Trabalho do Consulado da Mulher, as 28 mulheres que integram a associação de lavadeiras buscam ampliar suas atividades e atrair jovens da comunidade para estagiar na lavanderia, situada na terceira cidade mais violenta do país, de acordo com o Mapa da Violência 2012.

“Vamos tentar resgatar esses jovens que estão aí soltos, tirar o crack do caminho, colocar um craque aqui dentro (da lavanderia), um craque da mão de obra valorizada,  do bom relacionamento”, afirma Maria. Pensando não só na juventude, a associação também pretende investir uma parte do prêmio recebido, para construir uma pequena casa de descanso e socialização para idosos.

A doação das máquinas de lavar e refrigerador Consul para este grupo também possibilita a ampliação da produção e oferece mais conforto para as integrantes,  algumas já em idade avançada. A assessoria prestada pelo Consulado da Mulher  também prevê auxílio em áreas consideradas deficitárias pelo grupo, como a divulgação de serviços e a ampliação da clientela. “A história da associação tem duas histórias, uma é antes do Consulado e outra é depois do Consulado.  Já estamos considerando que é um sonho concretizado”, conta Maria.

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