História de Sucesso: Kézia Cristina. “Ser empreendedora é ser persistente”

História de Sucesso: Kézia Cristina. “Ser empreendedora é ser persistente”

“Me sinto completamente realizada como empreendedora, pois vejo que tudo está dando muito certo.”

Kezia Cristina Cordovil Vilhena - site2

Kézia Cristina Cordovil Vilhena, 43 anos, mora em Manaus com a família e trabalha na área de alimentação desde os 14 anos. Mãe de duas meninas e nutricionista de formação, Kézia gerencia seu próprio empreendimento, o Delícias do Norte.

 

Minha vida como empreendedora teve início quando eu tinha apenas 14 aninhos, por volta do ano de 1987. Na época queria realizar minha festa de 15 anos, pois minha família não tinha muitas condições de pagar por uma, então comecei um curso de artes culinárias, que durou 6 meses lá em Castanhal no Pará (AM).

Depois desses cursos comecei a fazer salgados para minha tia. Sempre que ela tinha algo para comemorar no trabalho levava meus salgados para suas amigas e foi lá que surgiram minhas primeiras clientes. O pessoal gostou muito e começaram a fazer encomendas.

Na época meu pai estava desempregado e as coisas estavam muito difíceis e isso me auxiliou muito, pois ajudei com as despesas de casa. Então começamos a fazer encomendas e anunciamos nos classificados de um jornal de nossa cidade, porém eu não tinha linha telefônica. Naquela época, telefone era somente para os ricos ou quem tinha mais condições, então fui até minha vizinha, que tinha um telefone fixo, e perguntei se eu poderia dar o número como contato pros meus clientes. Ela aceitou e anunciamos no jornal com o número do telefone dela.

Quando anunciamos o telefone da vizinha começou a tocar de 05 em 05 minutos. Como fiquei com vergonha de minha vizinha! O telefone tocava muito e a todo o momento ela ia me chamar em minha casa, mas deu bastante resultando.

Uma conhecida minha, que era advogada e fazia um determinado trabalho pra mim na época, me ligou e me informou que o dinheiro da indenização que eu estava aguardando já estava saindo. O dinheiro saiu e fui com meu pai alugar uma linha de telefone fixo. Na época era 150 cruzeiros a linha, ainda me lembro. E aí pronto! Muitas encomendas!

Nosso carro estava com problemas, então íamos para o mercadão fazer compras de ônibus. Trazia todas as mercadorias em baldes e sacolas e esperava na parada de ônibus. O motorista esperava a gente colocar cada mercadoria e nos levava até próximo de casa e esperava novamente a retirada de todo o material do ônibus. Depois disso meu pai pegava um carrinho de mão na nossa casa e transportávamos os materiais com ele. Era na minha casa que eu fazia os salgados, bolos e torta. Isso tudo aconteceu em 1994.

Em 1998, recebi um convite para fazer um curso em uma unidade móvel em Belém (AM) de doces e salgados, sobremesas e cozinheiro de hotel. Fiz o curso e eles solicitaram o meu currículo, pois estavam dando oportunidade para ex-alunos da unidade de ensino. Enviei meu currículo, participei do processo seletivo e fui contratada para ser instrutora de cursos como decoração de bolos e como realizar coffee break. Trabalhava com carteira assinada, mas durou pouco tempo, pois foi quando meu marido foi transferido pra Manaus e no mudamos.

Aqui em Manaus comecei a trabalhar em uma cozinha, onde deixei meu currículo e também passei por todo o processo seletivo. Foi nesse momento que decidi fazer uma faculdade e escolhi Nutrição, pois já tinha a prática e queria aprender como os alimentos agiam no organismo do ser humano e os cuidados que temos que ter ao manipular os alimentos. Isto é muito importante para o segmento que atuo. E depois fui trabalhar em um hospital como Nutricionista de Produção, ou seja, todas as funções me levavam para este ramo. Mas a carga horária deste trabalho não era adequada às minhas necessidades, pois eu tinha minhas filhas que ainda eram pequenas e acabei saindo deste emprego e fui trabalhar em outro hospital, onde o horário era bom no inicio, mas depois me mudaram pra o turno da noite e acabei saindo também.

Foi quando recebi um convite de um rapaz que administrava um site de compras coletivas. Eles vieram até minha casa e nos informaram como seria a divulgação de nossos produtos e como funcionava o site. Anunciamos e as vendas explodiram!

Nesse ano em que anunciei, no mês de Dezembro, vendemos 35.000 salgados e tive que tirar a produção da minha casa e buscar um local para produzir devido á quantidade de encomendas. Meus amigos, pais, marido, todos começaram a me auxiliar neste processo. Tive muito apoio de minha família. Meu pai, por exemplo, veio do Pará para passar uma semana, somente para visitar, e como a terra era abençoada pra negócios, ele está aqui até hoje e me auxilia bastante no empreendimento.

Por um tempo, recebi ainda algumas propostas de trabalho, mas preferi continuar como empreendedora, pois conseguia conciliar meu trabalho com a minha vida pessoal. Conseguia cuidar de minhas filhas e de tudo. Hoje minhas filhas já até me auxiliam no empreendimento. Me sinto completamente realizada como empreendedora, pois vejo que tudo está dando muito certo.

Quando conheci o Consulado da Mulher fiquei um pouco desconfiada, pois a vida não foi muito fácil pra mim. Sempre tive que ir buscar o que precisava e quando recebi a visita da educadora fiquei feliz, mas ao mesmo tempo pensava muito: “será que eu poderia receber assessoria de graça? Será que esse Instituto é realmente sério?” (risos).

A educadora trouxe materiais como revistas, cartão de visita e folders. Me falou do site que eu poderia visitar pra conhecer melhor o trabalho e que eu poderia ir também até o escritório para fazer uma visita. Mesmo desconfiada eu recebi muito bem a educadora e li a revista. Este foi meu primeiro contato com o Instituto, a educadora me conheceu pelo site de compras coletivas, veio aqui e eu agradeço muito!

Comecei a ir às reuniões da rede de alimentação, conheci outras empreendedoras e como funcionava todo o processo de assessoria. Decidimos que participaríamos das ações e que isso me traria só coisas boas. E foi o que aconteceu. Comecei a participar de coffees e eventos, já no princípio do meu acompanhamento. Quando a unidade do Consulado da Mulher em Manaus fez aniversário, eu demonstrei meus produtos em forma de degustação para os funcionários da fábrica, fui orientada a levar meus cartões de visita e tive bastante resultado, pois os funcionários degustavam e então viravam meus clientes.

Realizei cursos com os parceiros do Consulado da Mulher, como o de Sabor e Gestão, e eles abriram muito minha mente para várias questões do negócio. No momento cheguei até a ligar pra educadora e falar que estava adorando o curso e queria muito modificar muita coisa no empreendimento, algumas foram possíveis e outras não. Com assessoria do Consulado da Mulher também recebi cursos de Planejamento estratégico, Fundo de Reserva, controle de caixa – que vai me auxiliar muito na administração do meu dinheiro, mas o que falta pra mim é por em prática mesmo, pois muitas vezes tenho que ficar na produção e isso acaba me levando muito tempo. Quero comprar uma máquina de fabricar salgados porque vai me ajudar muito a dar conta das demandas.

Antes da assessoria, o faturamento bruto era por volta de 9 mil reais e eu tirava pouco de renda pra mim. Hoje com assessoria eu consigo tirar por volta de mil reais só para mim. Antes era muito menos, pois sempre investia tudo no empreendimento. Hoje caíram um pouco as vendas, por conta da crise, mas tenho que fé que tudo voltará ao normal.

Os equipamentos e utensílios que recebi do Consulado da Mulher estão me auxiliando muito na área da produção: recebi uma geladeira, que foi doada pela Consul e me ajudou muito, pois eu não tinha geladeira, somente freezer e estava com defeito. Recebi também uma fritadeira, caixas organizadoras, pratos de microondas, que irão servir para colocar doces e salgados para decorar as mesas dos eventos que iremos iniciar com a decoração, aventais para área de atendimento… Enfim tudo está me ajudando muito.

Com minha renda já comprei um guarda roupa bem grande pra mim, toda a manutenção do empreendimento consigo realizar com o valor do próprio negócio. Já comprei freezer, fogão, auxilio minha filha no pagamento das mensalidades das aulas particulares, e também dou um valor de mesada pra cada uma, dependendo de como for minha retirada.
O maior desafio que já encontrei por todo esse caminho como empreendedora foi me reerguer após uma crise financeira no empreendimento. Há uns anos atrás, tive que utilizar os cartões de meu pai e tive que emprestar dinheiro do meu marido e do banco. Não consegui dar conta de pagar e agora que estou conseguindo arrumar tudo, aos poucos.
Mas fora essas dificuldades sou muito feliz como empreendedora, pois estou até ampliando os negócios, comprei uma mesa clean e estou iniciando no ramo de decoração pra pequenas festas.

Já sofri muitos preconceitos como mulher e como profissional. Às vezes as pessoas falavam comigo de uma forma, sem valorizar minha profissão. Às vezes elas pediam pra falar com a dona da loja e não percebiam que era eu mesma, e quando falo que sou nutricionista formada, as pessoas mudam e isso é muito visível.

Meu sonho para o futuro é comprar essa máquina de salgados e alavancar de vez o meu negócio, pois eu perco muitas encomendas por conta disso. E também pretendo comprar um carro para fazer delivery, pois utilizo o carro do meu pai para fazer as entregas. E quero abrir mais uma loja com o nosso nome, tipo uma filial.

Pra mim, ser empreendedora é ser persistente, ser perseverante, ser confiante. Tem que ter a visão no futuro e tem que ser idealista, ter seu próprio ideal e ser feliz, porque tem que fazer o que se gosta de fazer.

Para as mulheres que desejam ser empreendedoras, posso dar como conselho que sejam insistentes, porque a caminhada é difícil. Mas elas podem conquistar os objetivos delas e que elas sejam felizes no que elas fazem, pois é a felicidade que nos torna forte.