Central de triagem de materiais recicláveis tem feito diferença na vida de moradores do bairro de City Jaraguá
Unindo educação ambiental e geração de trabalho e renda, o Recicla City é uma central de triagem de materiais recicláveis localizada no bairro City Jaraguá, na zona norte em São Paulo.
Criada em 2010, a associação surgiu como um espaço de criação de oportunidades de trabalho para catadores. “Não deu muito certo. Muitos dos catadores não queriam regras. Eles queriam apenas separar o material e vende-lo, sem se responsabilizar por outras tarefas, como a limpeza do local”, conta Maria das Graças, assistente social Secretaria de Habitação e Assistência Social da subprefeitura de Pirituba.
Pensando em formas de manter o Recicla City vivo, Maria decidiu transformar o galpão cedido pela subprefeitura em um espaço de inclusão social para moradores do bairro. “Assim não nos limitamos a fazer a inclusão apenas dos catadores; fazemos a inclusão de pessoas que estão fora do mercado de trabalho em geral, seja porque não sabem ler, porque são egressas do sistema prisional ou até mesmo porque sofrem por falta de autoestima”.
“Temos pessoas aqui que até há pouco estavam em casa deprimidas e que hoje pagam a própria moradia, têm poupança, compram seus móveis… fora a autoestima! Hoje elas cuidam de si mesmas.”
Uma das primeiras moradoras a comprar a ideia de aliar gestão de resíduos com inclusão social foi Waleria Salete Silva, que frequentava a reunião de moradores do City Jaraguá: “Vinha de uma depressão profunda porque tinha vindo do interior e não conseguia emprego aqui em São Paulo. Quando Graça me contou sobre a cooperativa, me ofereci para ajudar”.
Coordenadora há 2 anos do Recicla City, ela acredita que sempre teve afinidade com pautas ambientais. “A educação ambiental já era algo meu. Adoro cuidar das coisas e reciclar. Nunca deixei meus filhos jogarem lixo no chão. Incentivo essa postura também aos meus quatro netos, até eles reciclam!”, explica sorrindo.
De acordo com Waleria, as atividades no Recicla City também têm reciclado o modo que seus integrantes enxergam o mundo. “Temos pessoas aqui que até há pouco estavam em casa deprimidas e que hoje, com o dinheirinho que fazem aqui, pagam a própria moradia, têm poupança, compram seus móveis… fora a autoestima! Hoje elas cuidam de si mesmas.”
Assessoria do Consulado da Mulher
Waleria Salete Silva, coordenadora do Recicla City, participou em maio de 2014 do Projeto Eco-Eletro, uma série de cursos de capacitação para a reciclagem de resíduos eletrônicos para alunos-catadores. A iniciativa é fruto de uma parceria entre o Instituto Gea e o Lassu – Laboratório de Sustentabilidade do Centro de Computação Eletrônica da Escola Politécnica da USP.
O Consulado da Mulher mantem, desde 2012, uma parceria com a Cromex, empresa de masterbatches de cores e aditivos para plásticos que promove ações de responsabilidade social, apoiando atividades de gestão de resíduos nas proximidades de sua sede em São Paulo.
No ano passado, as duas organizações uniram forças para investir no potencial empreendedor do Recicla City, que passou a recolher materiais recicláveis da Cromex e a receber a assessoria do Consulado da Mulher.
Na primeira reunião realizada no local, Waleria, descrente, disse que muitas organizações haviam passado por ali e feito promessas, mas poucas haviam voltado para cumprir. Desta vez foi diferente: em poucos meses Consulado e Cromex conseguiram doar equipamentos necessários para melhoria do empreendimento e, em 2014, a consultoria ao negócio começou oficialmente.
Em uma das assessorias presenciais, o grupo foi incentivado pelo Consulado da Mulher a fechar parcerias com redes de comercialização de materiais recicláveis com o objetivo de aumentar suas oportunidades de geração de renda.
Seguindo a recomendação, o Recicla City fechou, em janeiro, uma parceria com Rede Paulista de Comercialização de Materiais Recicláveis, o que contribuiu não só para que o grupo conquistasse novos pontos de coleta, mas também para que houvesse um salto no rendimento médio de cada integrante.
Até março de 2014, a retirada por pessoa era de R$350,00 por mês. Em abril, este valor passou para R$820,00. A parceria também resultou na doação de uniformes e EPI’s para todos os associados.
Atualmente, o Recicla City coleta material em 12 escolas, 3 empresas privadas e em conjuntos habitacionais da região, o que chamam de conscientização porta a porta. “Fico muito feliz com a conscientização porta a porta, porque assim conseguimos nos aproximar das pessoas, falar sobre preservação ambiental. Graças a este trabalho, muitas pessoas tem trazido material para reciclar e é bom saber que alguém viu a importância da reciclagem”, conta Waleria.
Para conhecer o trabalho do Recicla City mais de perto, curta a fan page da associação no Facebook.
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