Conheça a história de Sônia dos Santos, participante do projeto Oficina do Sabor na cidade de Rio Claro, interior de São Paulo, contou como sustentou sua família e pagou a graduação do filho com os docinhos que produz.
Sou filha de lavadeira e mecânico, e meu pai sempre me ensinou a colocar a educação em primeiro lugar. Depois que perdi meu marido para a cirrose, eu tinha que ser o apoio da minha família: era pai, mãe, avó, tudo. Então meu filho conseguiu um emprego em Rio Claro e nos mudamos para lá. A empresa que ele trabalhava dava um apartamento para nós morarmos, mas a vida não era nada fácil: passamos por muitas necessidades, pois o salário era muito pequeno. E minha filha de 16 anos engravidou, então tínhamos uma criança pequena também para cuidar.
Neste momento, percebemos que precisávamos mudar nossa história, que não poderíamos ficar assim. E com a educação a gente muda a nossa história, por isso, incentivei meu filho a estudar e passar na UNESP, Universidade Estadual Paulista. E ele estudou muito, se esforçou, e passou em Física. Mas não esperávamos toda a dificuldade que viria: a faculdade era em período integral, ele teria que pedir demissão e a gente teria que sair do apartamento.
Ele ficou sem saber o que fazer, mas eu acreditei que essa era a melhor maneira de crescermos na vida. Então ele teve que pedir demissão, a empresa não quis fazer acordo. Saiu sem seguro desemprego ou algum dinheirinho. E tínhamos 10 dias para sair do apartamento. Não tínhamos para aonde ir. Deus coloca anjos em nossas vidas a todo momento. Foi aí que um amigo dele chamou meu filho pra ficar na casa dele por uns tempos, e assim ele não perderia as aulas. Minha filha foi morar com uma parente e eu e meu neto voltamos para a casa da minha mãe em outra cidade.
Minha família não apoiava. Falavam que aonde já se viu eu ter que trabalhar para sustentar meu filho, que ele já era bem grande e que ele que deveria me sustentar. Eu continuava acreditando na educação. Depois de um tempo, Deus colocou outro anjo na minha vida: consegui conversar com um senhor em Rio Claro que tinha uma casa para alugar. Contei minha história, expliquei minha condição, e, mesmo sem fiador, ele confiou em mim e alugou a casa. Assim voltei a morar com meus filhos. Aos poucos fui comprando as coisas pra casa. Vendi umas coisas e comprei geladeira e fogão usado. Consegui uma doação de colchão. E fomos indo.
Só que a situação foi ficando feia. Estávamos passando por muitas dificuldades. Não tínhamos dinheiro para nada. Então, olhei no armário e tinha leite condensado. Falei pro meu filho: vou fazer brigadeiro e beijinho para você vender na escola. E ele levava e vendia. Era vender de manhã para comer a noite, não tinha outro jeito. Mas ele tem o coração muito bom e vendia fiado. Mas fomos dando um jeito.
Até que um dia, um professor, outro anjo de Deus, viu o tumulto na sala de aula e perguntou o que estava acontecendo. Meu filho explicou que precisava vender os doces pra sustentar a família. O professor falou que ajudaria ele a conseguir uma bolsa se ele não vendesse mais doces durante a aula. E assim ele fez: ajudou meu filho a conseguir a bolsa.
Eu coloquei uma placa em frente em casa e vendia meus docinhos dia e noite. Não parei. E um dia, por indicação de uma conhecida, fiquei sabendo da Oficina do Sabor, projeto do Consulado da Mulher que fica dentro da Whirlpool. Fui até lá e conversei com as meninas do Consulado da Mulher e elas me explicaram como a lanchonete funcionava. Fiquei lá pra ver se me adaptava e foi ótimo. Estou lá desde então.
Este projeto resgata a gente, que está desacreditada. Que isso se propague e cresça muito. Graças ao Consulado da Mulher e a Whirlpool minha família tem comida, tem casa, tem educação. Meu filho está no último ano de faculdade e tenho muito orgulho disso. Com o dinheiro que ganho com meu trabalho eu reformei minha casa, comprei coisas para meus filhos e neto. Pude dar uma vida melhor para eles. Sou muito grata ao Consulado da Mulher por isso.
E depois de um tempo, eu já tinha pagado minhas contas, comprado sofá, cama e outras coisas pra casa. Então eu e as outras empreendedoras participamos do Corro por Elas, uma corrida que a Whirlpool promove para os colaboradores. Primeiro me senti muito feliz porque eles estavam correndo por mim e é uma corrida linda, de gente boa e de coração grande. E eu e as meninas fizemos os kits lanches para os participantes. E eu peguei o dinheiro do meu trabalho e pensei: vou usar esse dinheiro para cuidar de mim.
Eu não sorria, tinha muita vergonha. E eu estava tão feliz com tudo que conquistei que eu precisava sorrir. Então fui ao dentista e cuidei de mim. E hoje eu sorrio porque tenho muito orgulho do meu trabalho.
E tudo isso só foi possível por causa do Consulado da Mulher que me deu oportunidade de ter minha própria renda. Sou muito grata ao Consulado por tudo. E que esse projeto cresça e muitas outras mulheres possam ter a mesma oportunidade.
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