Artigo publicado no Business Daily News reúne a opinião de lideranças femininas sobre obstáculos na carreira.
A cada ano, mais e mais mulheres começam uma jornada à frente de seus próprios negócios e companhias. Enquanto elas são inspiração para outras mulheres que sonham em se lançar no mundo dos negócios, o empreendedorismo continua sendo um território dominado pelos homens com obstáculos significativos para empresárias. Nicole Fallon, editora-assistente do jornal Business News Daily, reuniu cinco destes desafios e dicas de como enfrentá-los no dia a dia.
Necessidade de se comportar de acordo com estereótipos masculinos
A maior parte das mulheres donas de negócios que vão a eventos para criar uma rede de contatos costuma se identificar com este cenário: você anda por um seminário lotado e pode contar nas mãos o número de mulheres participantes. Pode ser intimidador para uma mulher falar sobre negócios com um executivo homem.
“Quando você tem um negócio próprio, você está constantemente negociando acordos com pessoas diferentes”, conta Hilary Genga, fundadora e diretora executiva da Trunkettes, companhia de moda de banho para mulheres. “Muitas vezes, nestas negociações, os homens acham que podem ser desonestos ou nos oferecer um acordo ruim – algo que eles provavelmente não fariam com outro homem.”
Para se protegerem, mulheres costumam achar que precisam adotar um comportamento que segue o estereótipo masculino: competitivo, agressivo e às vezes áspero. Mas Genga acredita que esta abordagem é equivocada.
“Seja você e tenha confiança em si mesma”, ela alerta. “Não tente agir de acordo com o estereotipo masculino. Você chegou aonde chegou por meio de trabalho duro e perseverança e o que é mais importante, você chegou ali! Não se conforme com a ideia masculina do que um líder deve parecer.”
Emoções e cuidados demais
Ainda que agir como um homem não garanta sucesso para mulheres empreendedoras, permitir que suas qualidades femininas atrapalhem na hora de conseguir que as coisas sejam feitas também não é necessariamente recomendável. Por natureza, mulheres são mais emocionais e cuidadosas, o que pode às vezes pode ser um impedimento na hora de gerir negócios.
“Para os homens, um negócio é mais sobre lucratividade, mas para mulheres, é mais do que isso,” afirma Delia Passi, diretora executiva da organização WomenCertified, responsável pelo Women’s Choice Award. “Nós ficamos emocionalmente conectadas e isso pode nos atrapalhar na hora de fazer decisões difíceis. Investidores e colegas de trabalho homens ficam frustrados quando não somos rápidas ao demitir ou fazer mudanças dramáticas no negócios que poderiam impactar as famílias dos funcionários.”
Passi notou que mulheres também fazem negócios baseadas em relacionamento. Conexões são extremamente importantes para o sucesso assim como nutrir relações profissionais fortes. No entanto, ela aconselha que as empreendedoras sejam diretas e focadas em seus objetivos.
Falta de apoio de outras lideranças femininas
Muito antes de criar a boutique online de óculos para mulheres Rivet and Sway, a diretora executiva Sarah Bryar trabalhou com estudantes de engenharia no Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Estas ‘pioneiras’, como descreveu Bryar, se sentiam inseguras por serem a minoria como mulheres que se destacavam em matemática e ciência, e desejavam mais camaradagem e apoio de suas colegas mulheres da área.
“O maior desafio para mulheres empreendedoras é o mesmo enfrentado pelas estudantes de engenharia com que trabalhei. Não existem muitas de nós”, contou Bryar ao Business News Daily. “Não existem mulheres o suficiente para serem modelos, atuar como caixas de ressonância, fazer negócios – enfim, para que seja normal ver mulheres em posições de liderança.”
Apesar do rápido crescimento de mulheres executivas e donas de negócios, encontrar mulheres para trocar figurinhas nem sempre é fácil. Eventos focados em criar networking para mulheres como American Express OPEN’S Ceo Bootcamp são bons lugares para começar, assim como fóruns online e grupos criados espeficaimente para mulheres envolvidas em negócios.
“Oportunidades para liderar existem, sim, para mulheres”, disse Bryar. “Nós só precisamos continuar nos apoiando e colocando as mulheres no centro das atenções para incentivar outras a tomarem este caminho.”
Equilíbrio entre vida pessoal e trabalho
O equilíbrio entre trabalho e vida é comumente um objetivo de todos os empreendedores, mas mulheres que começam negócios precisam cuidar de suas famílias e de suas companhias simultaneamente.
“Ser mãe e empreendedora é muito desafiador”, explica Genga. “Existem formas de equilibrar seu tempo, mas sempre existe a percepção de que você poderia estar sendo mais efetiva em seus negócios se não tivesse que cuidar de seus filhos.”
Genga aprendeu a não levar a sério os deslizes que comete em casa ou no trabalho. Mães empreendedoras têm responsabilidades duplas e encontrar maneiras de dedicar tempo para os dois é a chave para encontrar verdadeiramente o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
Medo de Fracassar
De acordo com o estudo Global Entrepreneur Monitor, realizado em 2012 pelo Babson’s College, o medo do fracasso é a maior preocupação das mulheres que se lançam em negócios próprios. O fracasso é uma possibilidade bastante real em qualquer ramo, mas Passi acredita que não deveria ser visto como algo negativo.
“Você precisa ter um fracasso massivo para ter sucesso massivo”, ela afirma. “Você pode precisar de 100 ‘nãos’ para chegar a um ‘sim’, mas aquele único ‘sim’ vai fazê-la mais bem sucedida amanhã do que você é hoje.”
Bryar ofereceu conselhos similares para empreendedoras, encorajando-as a trabalhar com os momentos de dúvida em si mesmos que todo empresário enfrenta.
“Trabalhe duro para ignorar aquela voz interior que pode te desencorajar a tomar uma iniciativa, falar ou sair da zona de conforto”, ela diz. “É algo que eu luto comigo mesma, mas eu sei que eu não seria uma diretora executiva se não tivesse aproveitado as chances de me afirmar.”
Nicole Fallon é formada em Mídia, Cultura e Comunicação da Universidade de Nova York em 2012. Começou como freelancer no Business Daily News em 2010 e se juntou à equipe como redatora três anos depois. Atualmente, trabalha como assistente de direção do jornal.
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